Três lições com Sueli Carneiro e Mano Brown
A conversa entre os dois tocam em temas que já tratamos aqui na Firma Preta.
Por aqui escutamos a entrevista da Sueli Carneiro no podcast Mano a Mano. O episódio lançado há duas semanas, tem quase duas horas e meia de duração e merece ser ouvido com calma e atenção. A troca dela com Mano Brown resume anos de história negra no Brasil. Muitas coisas chamam atenção nesse papo, mas pensando aqui no nosso corre, a Sueli fala de algumas questões que já tratamos aqui na Firma Preta e que são pontos que precisamos estar sempre atentos:
1 - A necessidade de responsabilizar os brancos
Faz duas semanas que trouxemos esse assunto por aqui com a entrevista do Thales Vieira do Observatório da Branquitude. No podcast, Sueli lembra que todo branco que se diz aliado precisa ter em mente que é beneficiado em alguma instância pelo racismo. E tocou no ponto das empresas que estão sim trabalhando para atingir equidade nas suas equipes e tem isso como meta. Mas com ciência que isso ainda é exceção. O que a gente mais vê é que essa vontade de ser diverso só aparece depois que a crise estoura. Brancos precisam acordar para as suas responsabilidades nessa engrenagem.
2 - A romantização do afroempreendedorismo
Boa parte desses empreendedores ocupam esse papel por necessidade. A gente precisa fazer grana, sustentar a casa, pagar o aluguel. Ao mesmo tempo que parece que bons empregos são reservados as peles alvas. Sueli contou que deixou de ser contratada para o cargo de secretária por ser negra quando era jovem.
3 - Revisão da Lei de Cotas
Existe um discurso contrário às cotas que vem ganhando corpo há algum tempo. As cotas mudaram a cara da universidade brasileira e a vida de muitas famílias negras. Como Sueli bem lembrou, os primeiros “cotistas” do país, os primeiros a usufruir de políticas afirmativas, foram os brancos europeus que recebiam diversos incentivos do governo para virem para cá.
Hoje, muitos que bradam contra as cotas, se orgulham das conquistas de seus avôs italianos em solo brasileiro. Possuem discursos meritocráticos, mas se esquecem, ou fingem esquecer, que isso só foi possível graças às políticas que ofereceram a eles a possibilidade de prosperarem.
Para essa semana desejamos que você consiga um tempo para ouvir esse episódio memorável. Vamos de vagas!
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Pra Pensar
Já passou da hora das empresas pararem se se preocupar com as crises de imagem e tratarem a diversidade com seriedade e com uma visão estratégica de longo prazo – para os negócios e, acima de tudo, para as pessoas.
A Firma
Com curadoria, redação e edição de Emílio Moreno e Juliana Gonçalves. Direção de arte, Larissa Cargnin.
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