O quanto perdemos com o racismo sistêmico?
As estruturas de poder e oportunidades seguem favorecendo as pessoas brancas
Em um passado não tão distante, existiu um boom de vagas afirmativas e do tema da diversidade nas empresas. Mas nós que estamos aqui há quatro anos realizando essa curadoria de vagas semanal - de forma totalmente voluntária, vale dizer - percebemos a queda vertiginosa desse tipo de processo seletivo destinado a pessoas negras. Eles seguem acontecendo, mas em um proporção menor do que a que vimos durante a pandemia e após o episódio George Floyd que ocasionou uma explosão antirracista global. Essa também não é nenhuma novidade por aqui porque já falamos disso em outras edições da Firma Preta.
Essa queda e os acessos favorecidos a pessoas brancas são reflexo de um racismo sistêmico que atua em prol de um único grupo racial: o branco. O racismo está embutido nas políticas e normas de empresas e instituições, perpetuando desigualdades que vão além do emprego. Foi o que apontaram os dados sistematizados pelo Cedra e compartilhados na última semana:
“Não se trata apenas de uma questão de trabalho. O racismo sistêmico impacta toda a vida da população negra — do acesso à educação até a moradia, passando por segurança e qualidade de vida’’, afirmam na publicação. Para além da necessidade de termos representação no mercado de trabalho, também precisamos de uma construção de sociedade mais equitativa e justa.
No entanto, esbarramos nas barreiras estruturais que trabalham em prol da supremacia branca. Que ao mesmo tempo que é criticada pelo presidente Lula, é alimentada pelo mesmo que ao ter oportunidade de nomear pessoas negras, opta por brancos e ainda declara ser difícil escolher mulheres e negros. Como já bem disse Sueli Carneiro: “entre a esquerda e a direita, continuo negra”. Pois agora estamos às vésperas de mais uma eleição - a eleição municipal é importantíssima, fique ligado - e tivemos a aprovação da PEC da Anistia que acaba por perpetuar a branquitude, ao promover o subfinanciamento de candidaturas negras. E sabemos que um bom financiamento de campanha amplia as chances de eleição.
Por conta dessas questões “estruturais” nos deparamos com dados como os divulgados pelo Cedra, que apontam que 81% dos empregadores são brancos. Ou ainda como os números do Insper que revelam que a desigualdade faz trabalhadores negros perderem R$103 bilhões por mês - desse total R$14 bilhões se devem exclusivamente ao racismo.
Até quando vamos continuar perdendo?
Vagas da Edição
DH. Oportunidade para analistas de Direitos Humanos na Imaflora para trabalhar no apoio e suporte à área de Cadeias Agro ESG. Jornada híbrida com base em Piracicaba-SP. A vaga é CLT e tem inscrição aberta até 15/10. Informações no link.
Conteúdo. A Redes da Maré busca por produtor de conteúdo institucional. A vaga é para quem tem formação em comunicação e disponibilidade para trabalhar em regime presencial no Rio de Janeiro. Mais informações no link.
Comunicação. O Instituto Odara tem 4 vagas para comunicadoras: jornalistas e social media - formadas ou estudantes a partir do 4º período. É preciso residir em Salvador ou região metropolitana. Inscrições até 03/10. Informações no link.
Das Pretas. O Instituto Das Pretas tem cinco vagas abertas para pessoas negras: mobilizadora social, coordenadora de comunicação, coordenadora de projetos, analista de projetos, assistente pedagógica e Gestora de comunidades. Exclusiva para pessoas residentes no Espírito Santo. Informações no link.
Educação. O CIEDs Espírito Santo procura por pessoa educadora para para mediar o aprendizado em temas relacionados à administração, finanças, gestão de pessoas, e outras áreas correlatas, utilizando metodologias ativas de ensino que promovam a autonomia dos jovens. Inscrições no link.
Justiça. CNJ tem três vagas para o projeto Fazendo Justiça. Uma em Brasília e duas em Roraima. Inscrições até 07/10. Mais sobre no link.
Fã. A Budwiser está recrutando fãs profissionais para cobertura de shows internacionais com remuneração de R$20 mil. As oportunidades são para as apresentações de Bruno Mars, Lenny Kravitz e Paul McCartney. Inscrições até dia 04/10 no link.
Estágio. A Fundação Bienal tem oportunidade para atuação no arquivo da instituição. São 10 vagas para um laboratório experimental de transformação de arquivo histórico. É preciso estar cursando arquivologia, comunicação, história, ciências sociais ou áreas correlatas. Presencial em São Paulo.Informações no link.
Para Pensar
As eleições de 2024 acontecem no próximo domingo. É preciso atenção para entender se além da cor da pele os candidatos também têm pautas alinhadas com as suas. Lembramos que as candidaturas negras são subfinanciadas e que precisamos nos unir para votar de maneira correta.