Nos levar a exaustão é um projeto
Sim, estamos falando dos ataques racistas sofridos por Vini Jr. de novo
Já falamos dos episódios racistas sofridos por Vini Jr. algumas vezes aqui na Firma Preta. Infelizmente, estamos falando mais uma vez. Ontem, me deparei com o vídeo em que Vini se emociona ao comentar sua luta para realizar seu trabalho: “Eu só queria jogar futebol”. Na sequência, encontrei um texto do Aquiles Marchel sobre o jogador, no qual ele explica como o racismo serve para nos manter ocupados e sem energia.
Imagine estar sempre em alerta para identificar e responder ataques racistas e ao mesmo tempo concentrado para desempenhar um bom trabalho. Enquanto, muito bem lembrado por Aquiles no seu texto, um jogador branco precisa apenas jogar - sem a preocupação de defender a si e a família de ofensas. O gasto de energia é gigante.
Saíndo dos campos para o dia a dia, essa lógica se reproduz. Não somos chamados de macacos em reuniões. Porém não somos ouvidos, somos preteridos, silenciados, mal remunerados mesmo que mais qualificados e com mais responsabilidades que pessoas brancas.
Se você trabalha em um ambiente em que precisa encarar microagressões racistas o tempo todo, também vai encarar desgaste emocional. O tempo que você acaba usando para pensar, denunciar, buscar ações para que o racismo não se repita, você poderia estar se dedicando ao melhor desenvolvimento do seu trabalho ou se qualificando.
É daí que surge inclusive a discussão do burnout racial, defendido pela psicóloga Shenia Karlsson. Para ela, a definição de burnout não consegue dimensionar o que passa uma pessoa negra em um ambiente de trabalho racista. "Como o racismo é insistente, com inúmeros mecanismos de silenciamento, a pessoa acaba entrando em um estado de exaustão. O racismo constante adoece", afirmou a psicóloga em entrevista à BBC.
Nos levar a exaustão pelo racismo é como um projeto para que pessoas brancas sigam sem a perturbação de ver negros ocupando lugares de privilégio e poder. Assim segue operando a branquitude.
Vagas da Edição
Até amanhã. O instituto Médicos Sem Fronteiras tem processo seletivo aberto até 27/4 para Analista de Administração de Pessoal. A vaga é CLT, híbrida e no Rio de Janeiro. Inscrições no link.
Adm. O Instituto Clima e Sociedade procura por um analista de compras e um analista de contratos. Uma das vagas é temporária nível I (júnior) com contrato de seis meses inicialmente e pode ser renovado por igual período. A segunda posição tem contrato indeterminado de nível II (Pleno). Acesse o link para mais informações.
Rádio. A Transamérica SP procura por profissionais em DTV com experiência em live, edição de vídeo e produção de gravações. Mais informações no link
TI. Itaú tem vaga afirmativa para mulheres nível sênior em engenharia de TI. O trabalho é híbrido com escala em São Paulo. Mais informações no link.
Qualidade. Grupo Soma procura por revisor de Qualidade que é responsável por garantir as a qualidade dos produtos recebidos. É preciso ter experiência em na área têxtil e de confecção. O trabalho é presencial no Rio de Janeiro. Informações no link.
Estágio. Estudantes de Arquivologia e História a partir do quinto período podem se candidatar a vaga de estágio no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Inscrições até 31/4.
Preparatório. O Sesc RJ recebe até 31 de março, inscrições para o curso preparatório gratuito para mestrado e doutorado destinado a pessoas negras e periféricas. As aulas serão ministradas nos dias 6, 13, 20 e 27 de abril, das 9h30 às 17h30, na unidade Madureira.
Cientistas. As inscrições para a 19ª edição do programa Para Mulheres na Ciência estão abertas até 08/05. Serão concedidas sete bolsas de R$ 50 mil para pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática. Informações no link.
Concurso. A prefeitura de Maricá, no Rio de Janeiro, tem edital aberto para profissionais de educação com salários de até R$9.552 por 30h de trabalho. Inscrições até 15 de abril.
Para Pensar
Na semana passada, a Rede Trata Brasil divulgou o ranking do saneamento básico 2024 e o Observatório da Branquitude cruzou o resultado com dados raciais do último Censo do IBGE. O resultado é que os municípios com melhores serviços de saneamento são majoritariamente brancos e os piores tem maior parte da população negra. Nem precisamos nos esforçar para entender os motivos.