Julho das pretas: não dá para trabalhar de graça
Empresas que só querem sair bem na foto dar check nas metas do relatório de ESG.
Além de novembro com o Dia da Consciência Negra, também lembram da gente no mês de julho porque no dia 25 celebramos o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela. No Julho das Pretas, chegam convites para participações em lives, mesas e eventos diversos.
Dessa vez, recebi um convite para falar em uma grande instituição financeira. A ideia era uma live para compartilhar meus conhecimentos com funcionários sobre o 25 de julho – incluindo reuniões de “pré-work” para que os guiasse na construção do formato ideal. No entanto, pasmem, o banco não tinha dinheiro previsto para pagar por essa prestação de serviço.
Não vou revelar o nome da instituição apenas para preservar a funcionária – também uma mulher negra – que procurou a mim e outras mulheres negras para essa ação e que não tem culpa da postura adotada pela empresa e precisa, assim como nós, trabalhar para pagar suas contas. Ela até tentou a verba, mas recebeu a negativa das pessoas que tomam as decisões. Chega a ser uma piada (e desrespeitosa), uma instituição financeira – uma das maiores do país – não ter verba.
Porém, a verdade é que a grana só não chega para as ações de diversidade. O setor que trata de questões raciais não é prioridade. A falta de verba para remunerar mulheres negras é sintoma de uma instituição que está somente preocupada em sair bem na foto e cumprir com as metas do relatório de ESG. Mas que na realidade não quer mudar as estruturas internas e educar funcionários para receber as pessoas não brancas que chegam pelas vagas afirmativas - e eles têm esse tipo de processo seletivo aberto. Quantas vezes já falamos de empresas que agem dessa forma por aqui?
É absolutamente inaceitável essa postura. É assumir que mulheres negras podem trabalhar de graça. Nós investimos tempo e dinheiro para adquirir conhecimento. Somos professoras, mestres, acadêmicas, intelectuais negras. Ensinar é trabalho e merece ser remunerado. O dinheiro não seria um problema se fossemos convidadas por um grupo ou coletivo que não tivesse reais condições de pagar.
Recusei o convite. Não dá para trabalhar de graça e fazer caridade para um dos bancos de maior rentabilidade do país.
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FINANÇAS. Até o dia 10/7 a WWF-Brasil recebe candidaturas para o cargo de Especialista de Finanças Públicas - Vaga afirmativa para Mulheres Negras.
PRODUTO. A Claro Brasil busca de profissional para ocupar o cargo de Gerente de Produtos Digitais. Veja os requisitos e como se candidatar.
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PESSOAS. A Adecco está em busca de uma pessoa para vaga de Coordenação de RH. Atribuições: consultoria de RH; processos de admissão e dúvidas de benefícios
PROJETOS. A Agência Inteligência Digital em Palmas, no Tocantins, tem uma vaga aberta para Gerente de projetos. Veja como se candidatar.
Pra pensar…
Entenda porque devemos defender as cotas.
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Com curadoria, redação e edição de Emílio Moreno e Juliana Gonçalves.
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