Para a primeira coluna, eu decidi trazer um assunto que assombra quase todo mundo: o tal do “inglês fluente”. Vamos desmistificar algumas crenças negativas?
Eu estou morando nos Estados Unidos há dois anos e meio, fazendo o doutorado em “African and African Diaspora Studies” na University of Texas at Austin. Além de estar matriculada em três cursos diferentes e dar andamento à minha pesquisa, eu trabalho na universidade como Teaching Assistant. Não tem pra onde fugir, é TUDO em inglês. Muita gente me pergunta “Nossa, como você consegue?!” ou “Você fala inglês MESMO?”
Sim, eu sou fluente em inglês. Eu consigo falar em inglês sobre qualquer assunto, em qualquer situação. No entanto, apesar de fluente, eu ainda tenho sotaque bem forte. Eu falo devagar (este é o meu jeito natural de falar, mesmo em português). Tem momentos em que eu não faço a pronúncia como deveria. Às vezes, também me “dá uns brancos” no meio da conversa, então eu faço uma pausa por alguns segundos e busco outra palavra ou frase para me expressar melhor.
Isso tudo causa, obviamente, insegurança. A autocobrança para falar “perfeito” causa muito sofrimento, ansiedade e bloqueio criativo. Eu não cheguei aqui nos Estados Unidos com o inglês “perfeito”, essa crença assola a nossa autoestima e nos convence de que “não falamos inglês” ou que “nunca iremos falar inglês”. Como consequência, nós desistimos de tentar aplicar para certas oportunidades e nos limitamos até de sonhar!
Quero afirmar para vocês: O inglês “perfeito” não existe. Tudo é processo. O meu processo começou lá na minha cidade chamada Serra, no Espírito Santo, com a bolsa de estudos parcial no CCAA durante o ensino médio e, depois, estudando no Centro de Línguas da UFES. Apesar de “sofrido” no início, eu sempre acreditei que, com o tempo, era possível melhorar a pronúncia, o vocabulário e a autoconfiança. Eu continuo estudando inglês, todos os dias, para aprimorar. Tudo isso demanda, claro, muita paciência, perseverança, força de vontade e... lágrimas (sim, faz parte). Não é da noite pro dia. Então não deixe que o seu brilho se apague porque você está aprendendo inglês. Às vezes, é durante este processo que a oportunidade aparece e aqui vai um conselho: Não espere o dia do “inglês perfeito” chegar. Tente!
Mesmo com o meu sotaque forte e certo nervosismo, há um ano e meio eu trabalho com turmas de graduação, tiro dúvidas dos estudantes, organizo dinâmicas interativas, acompanho sessões de discussão e faço a avaliação dos trabalhos acadêmicos ao longo do semestre. Tenha em mente que o principal objetivo é efetivar uma boa comunicação. Você não precisa falar “igual” a um estadunidense para ser compreendido. Aqui vão algumas dicas:
As pessoas te entendem mesmo com sotaque.
A maioria das pessoas que falam a própria língua nativa são pacientes e gentis. (Sempre que bater aquele frio na barriga quando você se imaginar falando inglês, pense nisso).
Não fique com aquele medo inconsciente de que alguém vai te humilhar a qualquer momento.
Aprender inglês é um processo.
Não fique obcecado pela “perfeição”.
Obviamente, eu não tinha esse pensamento há um tempo atrás. Eu vivi toda a frustração de achar que o meu inglês nunca seria “bom o suficiente”. O sentimento de inferioridade era recorrente. Eu tremia só de imaginar as pessoas me corrigindo mentalmente e, principalmente, odiava quando me ouvia falando inglês. Já desisti de muitas oportunidades por ouvir aquela vozinha lá no fundo me dizendo “ah, isso não é pra mim”. A descrença era tanta que eu nem lia descrição ou o edital da vaga. Eu estou compartilhando estes insights para fazer o que muitas pessoas fizeram por mim ao longo do meu processo: me mandaram a real, me encorajaram e foram gentis. A gentileza das outras pessoas me fez ser mais gentil comigo mesma.
Se você já começou a estudar inglês ou está pensando em começar, confie no processo! Tenha coragem, estude sem ansiedade, explore os editais, converse com pessoas vivendo a experiência que você deseja e desmistifique a crença de que tudo precisa estar “perfeito” para começar a sonhar e considerar oportunidades!
Vagas da edição
Intercâmbio. Capes e Ministério da Igualdade Racial anunciaram o edital Caminhos amefricanos: programas de intercâmbio sul-sul. A iniciativa contempla estudantes negros/quilombolas dos cursos de licenciatura de instituições públicas a partir do 5º período. Nesta etapa, 50 alunos serão selecionados para estudar na Universidade Pedagógica de Maputo (UP-Maputo), em Moçambique. As inscrições seguem até 4/11.
Direitos Humanos. São 10 oportunidades abertas neste mês de dezembro nas agências especializadas, fundos e programas da ONU no Brasil em diferentes lugares. Tem vaga para assistente de projetos, consultor de saúde mental, consultor de finanças, assessor de comunicação e mais, com oportunidades home office e presencial. Acesse o link para ter mais detalhes.
Engajamento. O Instituto Desiderata procura por gerente de comunicação e engajamento. A vaga é para uma mulher negra que ficará responsável por desenvolver estratégias na área de comunicação do Instituto. A profissional precisa ter dois anos de experiência coordenando equipes. A oportunidade é CLT e híbrida no Rio de Janeiro. É possível se candidatar até 15/12.
Foto. O Instituto Moreira Sales procura por assistente de laboratório fotográfico com experiência em acervos. A vaga é presencial, CLT e no Rio de Janeiro. O salário é de R$3.500 com benefícios como plano de saúde, vale refeição e alimentação. Inscrições até às 10h de 18/12. Negros e indígenas serão priorizados no processo seletivo.
Designer. A Rádio Novelo procura por profissional para criar materiais visuais para os seus podcasts. A sede é no Rio de Janeiro, mas existe a possibilidade de trabalho remoto. As inscrições seguem até 15/12.
Projetos. O Instituto Sou da Paz tem vaga exclusiva para pessoas negras e indígenas para coordenador de projetos. O regime de trabalho é híbrido, com necessidade de encontros e reuniões presenciais em São Paulo. A oportunidade é CLT e é possível se candidatar até dia 17/12.
Automação. A Sempre IT procura pessoa analista funcional e automação com experiência comprovada em automação de testes web, mobile e API (principalmente mobile e web) e conhecimento em Java e JavaScript. O trabalho é remoto.
Dados. A CPFL, companhia de energia de Campinas-SP busca por uma cientista de dados que através de análises avançadas possa gerar insights para as áreas de negócio do grupo. É preciso ter experiência comprovada na área. A vaga é presencial.
Organizacional. A Atlas Technologies tem vaga afirmativa para pessoas negras para atuar como Chief Culture Officer (CCO) que será responsável por moldar e fortalecer nossa cultura organizacional, além de impulsionar iniciativas de diversidade e inclusão. O modelo de trabalho é remoto.
Para Pensar…
As postagens e ações das empresas acontecem durante todo o ano ou apenas em novembro?
Dica da Firma
Essa dica é para é de São Paulo ou tem previsão de passar pela cidade. O CCBB-SP recebe a exposição "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira". A mostra reconta outra história da arte brasileira a partir da produção de artistas negros.e fica em cartaz de 16/12 até 18/03. A entrada é gratuita com retirada de ingresso no site.
Cheguei a esse texto por recomendação da Vanessa Guedes, da Segredos em Órbita. Estou estudando inglês aos 27 anos e sempre vi a falta desse conhecimento como algo que me diminuía perante outras pessoas, ainda mais porque a fluência no idioma é muito comum nas minhas profissões (sou jornalista e escritora). Começar a estudar me fez olhar de forma mais gentil para o pouco de conhecimento que eu já tinha de forma autodidata, e me passei a ver meu próprio progresso no idioma com muita alegria. Ainda estou no nível básico, mas já tenho uma confiança muito maior do que antes. Adorei a edição!