Atue contra tecnologia que prejudica pessoas negras
O Panóptico luta contra o racismo no reconhecimento facial; veja vagas abertas.
Você já ouviu falar em reconhecimento facial e que essa tecnologia pode causar uma série de erros que prejudicam pessoas negras? Existe um projeto de pesquisa no Rio de Janeiro que trabalha para publicizar esses casos e ampliar o debate sobre o tema e tem vaga aberta para atuar nele. O Panóptico, do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania (CESeC), acompanha o que acontece no Brasil e atua para o banimento do uso dessa tecnologia que já levou pessoas negras para a prisão injustamente. Isso porque o algoritmo tem um viés racista.
Quem nos explica isso é o Pablo Nunes, que coordena o projeto e o centro de pesquisa. Conversamos com ele para conhecer um pouco do seu trabalho, o que o levou a pesquisa desse tema e entender um pouco mais sobre O Panóptico e a vaga oferecida para coordenação de comunicação no projeto - a outra oportunidade é para atuar como designer.
Pablo, como foi sua trajetória até se tornar coordenador do CESEC e do Panóptico? Sempre atuou na pesquisa ou vem de outra área?
Desde cedo eu trabalho, já trabalhei em farmácia, imobiliária, em outras coisas também. Mas assim que entrei na faculdade de ciências sociais eu me interessei pela pesquisa. No segundo ano, comecei a pesquisar sobre favelas e violências e não parei desde então. No mestrado, entrei no meu primeiro núcleo de pesquisa, que foi o Laboratório de Análise da Violência – LAV, da Uerj. Lá eu realizei algumas pesquisas e a partir de contatos com pessoas do laboratório tive conhecimento da vaga de pesquisador no CESeC. Eu entrei em 2013. Além de pesquisas sobre favelas e violência, a gente desenvolveu várias outras como de mídia e violência, papel das redes sociais no que circula sobre violência no Rio de Janeiro, depois criamos o Observatório da Intervenção Federal, a Rede de Observatórios, que monitora indicadores de violência em oito estados e, também, O Panóptico, que acompanha o uso das tecnologias de reconhecimento facial na segurança pública e publiciza os muitos erros que acometem principalmente pessoas negras, que podem acabar na prisão de maneira injusta. Desde que me formei sempre tive interesse de trabalho, desde que me entendo como um trabalhador, alguém com uma carreira, então eu trabalho com pesquisa.
Por que decidiu focar nos estudos sobre reconhecimento facial? Qual o principal problema dessa tecnologia aplicada na segurança pública para pessoas negras?
Eu comecei a me interessar pelo tema do reconhecimento facial porque via que as pessoas estavam sendo presas com o uso dessa tecnologia e ninguém falava sobre isso. Não havia uma legislação ou regulação sobre o uso dessa tecnologia. Enfim, não existia nenhuma reflexão sobre esse tema no Brasil. O problema sobre o uso de reconhecimento facial na segurança pública é que é uma tecnologia com um viés racial muito forte. Ou seja, pessoas negras estão mais suscetíveis aos erros dessa tecnologia do que pessoas brancas. Se a gente for falar de casos emblemáticos, podemos lembrar do algoritmo de reconhecimento facial do Google Fotos não reconheceu pessoas negras como pessoas e sim como gorilas. Ou ainda, o algoritmo de recomendação de vídeos do Facebook, ao reconhecer um homem negro no vídeo, perguntou se o usuário gostaria de continuar assistindo vídeos de primatas. Além de outros casos que ficaram famosos durante a pandemia, como o algoritmo de reconhecimento facial do Zoom que simplesmente apagou o rosto de um professor negro que tirou o fundo do seu vídeo. Esse é um problema bem documentado no cenário internacional. Mas mesmo assim os gestores públicos do Brasil resolveram investir nessa tecnologia que custa caro e que tem efeitos problemáticos e erros para a população negra (levando a prisões injustas, por exemplo).
Existem oportunidades abertas para trabalhar no projeto. Que vagas são essas e o que é preciso fazer para se candidatar?
O Panóptico tem se dedicado a monitorar essas tecnologias na segurança pública, focando em como elas produzem efeitos diversos, principalmente para população negra. Então, a gente tem um braço de pesquisa forte nos estudos de caso e também na democratização dos conhecimentos sobre a tecnologia de reconhecimento facial. Temos também outro objetivo que é construir estratégias para que esse conhecimento acadêmico chegue a mais pessoas e possa ser transmitido de maneira criativa e inteligente para que a gente consiga ampliar o número de pessoas olhando para esse tema. E essa parte envolve a comunicação. Hoje, estamos procurando uma pessoa que coordene as atividades de comunicação, que pense em estratégias de divulgação dos nossos relatórios e estudos de caso, que enxergue os assuntos quentes que possam ser temas para artigos no Panóptico, que construa um planejamento para as redes sociais para aproveitar toda a potencialidade que as redes trazem em sua própria essência e que nos ajude a pensar em campanhas que coloquem na rua o tema para que as pessoas que estão fora do ambiente virtual também tenham contato com o tema. A gente está procurando uma pessoa que nos aponte os caminhos para uma comunicação efetiva para que esse assunto possa se propagar.
Sobre as vagas no Panóptico:
Coordenador(a) de comunicação
É preciso ter formação em comunicação, experiência mínima de dois anos e afinidade com o tema de direitos humanos. O contrato é de 30h semanais, com remuneração de R$ 5000 na modalidade pessoa jurídica e o contrato é de um ano com três meses de experiência. As inscrições seguem até esta terça-feira, dia 7 de fevereiro, pelo formulário: https://forms.gle/T77jdDq9kBWexwu2A
Designer jr.
Formação em designer, conhecimentos de Photoshop, Illustrator e Indesign. Noções de fotografia e vídeo serão um diferencial. O contrato é de 20h semanais, com remuneração de R$2000 na modalidade pessoa jurídica e o contrato é de um ano com três meses de experiência. As inscrições seguem até 12 de fevereiro. Mais informações no formulário: https://forms.gle/UDnLKCRCCoqdRv9M7
Encontre sua vaga
Black. O Banco de Talentos com vagas afirmativas na área de Transformação de Negócios para Pessoas Negras da EY está com inscrições abertas. Vagas presencias no Rio de Janeiro e o inglês não é obrigatório.
Tech. Outro Banco de Talentos com vagas abertas é o de Mulheres em Tecnologia, da Avenue Code, com oportunidades remotas. Podem participar candidatas que se identificam como mulheres com alguma experiência em Tecnologia.
Elas. A Basf está com vagas abertas para o seu Banco de Talentos com oportunidades voltadas para Mulheres. As vagas são presencias para efetivo, temporário, estágio e freela. Veja como se candidatar.
Saúde. O Banco de Talentos de Criação da Interpublic Group (IPG) está recebendo candidaturas para oportunidades remotas. A agência de Publicidade atua com clientes do segmento de Healtcar.
Veloz. Termina hoje o prazo para inscrições do programa de estágio 2023 da Honda. Serão 24 meses de atividades monitoradas, com etapas de job rotation entre as áreas e funções da montadora. Veja como participar.
Banco. O Itaú Unibanco está com vagas abertas para um programa de formação de gerentes de agências. As vagas disponíveis: Salvador, Brasília (DF), Belo Horizonte, Goiânia, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro, capital e interior de São Paulo.
Museu. A Pinacoteca de São Paulo está com vagas abertas para Estágio para o Núcleo de Acervo Museológico. Veja as oportunidades: Estágio para o Núcleo de Acervo Museológico; Educador(a) I para Programa Meu Museu; Educador(a) I - Memorial da Resistência.
Alumínio. A Alcoa está buscando 127 jovens talentos para integrar o Programa de Estágio 2023. As vagas estão distribuídas em Alumar/MA, Belém, Juruti/PA, Poços de Caldas/MG e São Paulo. As inscrições vão até 10/2.
Pra Pensar
Não poderíamos deixar de falar da mulher negra pioneira Glória Maria. Que suas conquistas sigam nos inspirando, porque tudo o que ela fez ficará para sempre.
A Firma
Com curadoria, redação e edição de Emílio Moreno e Juliana Gonçalves. Direção de arte, Larissa Cargnin. Com Colaboração Laura Ribeiro.
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