É preciso usar esse espaço, onde muito já foi dito sobre “aquilombamento”, para falar do que vivem os verdadeiros quilombolas. A pauta programada para esta semana era outra, mas fomos obrigados a mudar, pois na última quinta-feira, dia 17, Mãe Bernadete, coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), foi brutalmente assassinada. Antes dela, seu filho, Flávio Gabriel Pacifico, também foi executado dentro do Quilombo Pitanga dos Palmares, na região metropolitana de Salvador - BA.
Mesmo fazendo parte do programa de proteção do estado da Bahia, a morte de Mãe Bernadete não foi evitada. Mesmo que seu pedido por ajuda tenha chegado à ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal, dez tiros ceifaram sua vida. Por que ela não foi assistida devidamente? Seria por que a voz quilombola é silenciada também pelo racismo institucional que classificou como simbólica a proteção a uma mulher que denunciava grileiros e madeireiros que tentavam explorar o território quilombo?
Em dez anos, 30 quilombolas foram assassinados. Os estados que mais somam execuções e se destacam pela violência e número de assassinatos são Bahia (11), Maranhão (8) e Pará (4).
Os quilombos, segundo Lélia Gonzáles, foram a primeira tentativa de democracia e de uma sociedade igualitária, com harmonia racial e que serve de berço para a nacionalidade brasileira. Enquanto Beatriz Nascimento classifica os quilombos como uma possibilidade para os dias de destruição - deixo aqui o documentário Orí, dirigido por Beatriz. Mas o que vemos hoje, além das mortes, é o apagamento de quilombolas nas decisões políticas sobre suas vidas e seus territórios. É o caso da Declaração de Belém, como explica uma publicação do Nexo.
A declaração de Belém foi assinada há poucos dias por oito países do bioma amazônico, menciona 128 vezes os “povos indígenas” e 19 vezes as “comunidades locais e tradicionais”. Mas não há nenhuma menção aos quilombolas. Lembrando que segundo dados recentemente divulgados pelo IBGE, quase um terço dos quilombolas do país vive na Amazônia legal.
Enquanto isso tudo ocorre, vamos cruzando no trabalho, na universidade e nos mais diversos lugares com a ideia de aquilombamento, pregando a união de pessoas negras nesses ambientes como forma de proteção e resistência ao racismo nosso do dia a dia. Essa união precisa também acontecer pela defesa das comunidades tradicionais de quilombo.
Façamos a nossa parte por justiça por Mãe Bernadete e por todos os outros que foram calados em meio a luta por direitos!
Vagas desta edição
PROJETOS. O IDPN está com uma vaga para a área de gestão de projetos. O processo seletivo vai até o dia 30 de agosto. Para você se inscrever é preciso enviar um e-mail com o currículo e documentação solicitada no edital.
COMMS. A organização da sociedade civil Criola está com três vagas abertas: Coordenação de Comunicação; Assistente de Comunicação e Líder de Projeto. Os detalhes das posições estão disponíveis no site da ONG.
LAB. Até o dia 3/9 seguem abertas as inscrições para o laboratório Afro-ameríndio Narrativas Gamificadas, uma parceria com a iniciativa multimídia sem fins lucrativos @talesofus.initiative. Veja como se candidatar.
VÍDEO. A Play9 está com vaga aberta para Pessoa Coordenadora de Negócios com Marcas (presencial no Rio de Janeiro). As interessadas devem se cadastrar no site de carreiras da empresa.
AMBIENTAL. A Citrosuco tem vaga aberta para Engenheiro(a) Projetos Pleno, em Matão, São Paulo.
TECH. Ericsson abre inscrições para o Programa de Estágio e Trainee 2024. Com vagas no Brasil e no Chile, o prazo para se candidatar é até o dia 29 de setembro. Veja os requisitos.
NACIONAL. A Flora, indústria do Grupo J&F e detentora de marcas como Francis, Neutrox e Minuano, está com oportunidades de emprego em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraíba, Bahia, Ceará e Sergipe.
VENDAS. A MadeiraMadeira, principal plataforma online de móveis e decoração da América Latina, está ofertando mais de 145 vagas por todo Brasil. Veja como se candidatar.
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Com curadoria, redação e edição de Emílio Moreno e Juliana Gonçalves.
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