Antirracismo se aprende na escola
Clarissa Brito: três perguntas para uma educadora antirracista
Salve comunidade Firma. Temos mais uma novidade especial para nossos assinantes. Uma entrevista exclusiva sobre educação antirracista. Esse papo reto com especialistas e profissionais também fará parte da nossa cobertura. Ainda não é assinante? Está perdendo nossa curadoria de vagas, cursos e eventos sobre diversidade. ✊🏿 Vamos juntos, chame os amigos!
Clarissa Brito se tornou uma educadora antirracista para que outras crianças negras não vivessem o incômodo que eu ela viveu na escola. Ela é professora e líder do comitê de Representatividade Racial da Escola Eleva no Rio de Janeiro, psicopedagoga, pelo Pró Saber, especialista em Educação Infantil, pela PUC – Rio e consultora pedagógica do Oyá Educa. Clarissa atua na formação continuada professores no desenvolvimento de educação antirracista e em práticas pedagógicas de acordo com Lei 10.639/200 – que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Fizemos três perguntas a ela que nos contou como o antirracismo no ambiente escolar pode nos garantir um futuro com mais representatividade e mais espaço no mercado de trabalho.
FP – Como você se tornou especialista em educação antirracista?
CB – Me tornar uma educadora antirracista foi um processo que não foi fácil. O que também não quer dizer que antes eu não olhasse para as questões raciais. Afinal, eu sou uma mulher negra. Logo no início da minha carreira, a minha preocupação era não repetir algumas construções que eu vivi na época em que eu era aluna. Eu comecei na educação no ensino médio com curso de normalista, no Carmela Dutra, em Madureira. Eu sempre levei autores negros para os meus alunos, lá quando eu tinha os meus 16 anos, porque aquilo tinha um impacto para mim. Eu não queria que outras crianças negras vivessem o incômodo que eu vivi na escola.
Na graduação em Pedagogia, eu passei a ter contato com a discussão antirracista em coletivos na universidade. Mesmo com a Lei 10.639** já em vigor, só encontrava esse tema nos espaços periféricos. Ou seja, você que vai na margem procurar essa formação. Porque na universidade o pensar negro na educação não é uma pauta. Quando fui fazer uma especialização em infância na PUC, comecei a estudar a infância negra e tive uma trava. Depois de muita terapia e leituras como a bell hooks, decidi que daquele momento em diante a minha carreira profissional seria para discutir essas questões.
FP – Quais os caminhos para uma educação para além da Lei 10.639/2003?
CB – Existe um percusso na mentalidade antirracista na educação que fala de um combate a qualquer manifestação racista seja ela epistemológica ou emocional. Tem um grande objetivo na educação antirracista que é construir a estima negra que é entender nossos corpos como parte da sociedade. Trabalhamos com quatro pilares que vão caminhar juntos e interligados que vai para além do que a lei determina.
O primeiro deles é ressignificar o olhar sobre África, que é o berço da humanidade, desconstruindo a ideia de uma África única e de uma unidade em ser negro. Depois a gente tem a ancestralidade que não está relacionada somente às religiões de matriz-africana. Mas a perspectiva é para além da prática religiosa. Nós buscamos entender os movimentos de resistências e o que nos fez chegar até aqui. O terceiro pilar são os elementos da cultura negra que são específicos do Brasil como o jongo e o samba. Por último, mas não menos importante, a representatividade. Lembro que ela sozinha não resolve o problema porque não elimina o racismo, mas é ela que pode dar a uma criança negra a ideia de que ela é um sujeito possível. Para as crianças não negras, existe o impacto da gente normalizar corpos e narrativas negras em todos os lugares. O simbólico precisa ser enegrecido.
FP – Como a educação antirracista nas escolas hoje pode impactar no futuro?
CB – A educação antirracista é o caminho que a gente tem de libertação. As perspectivas da educação antirracista têm o desejo de corpos negros serem livres e vivendo a complexidade dos que nós somos. Não podemos pautar o conhecimento sem olhar para o continente africano entendendo que lá é nosso ponto de origem e nós desenvolvemos essa mentalidade. A ideia é desenvolver na cabeça de uma criança negra que nós somos sujeitos possíveis.
(**) Lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
Vagas desta edição
Educação Antirracista. Curtiu a entrevista da Clarissa Brito? Então pega essa visão. Ela ministrará um curso sobre como é possível pensar outro referencial para falar de escravização e influência africana nas séries iniciais. As vagas são limitadas e o participante poderá conhecer obras literárias que podem apoiar essa temática na sala de aula. O investimento de R$150,00 e as aulas, on-line, via Zoom, têm início em 7/12.
Firmeza. Começa hoje a primeira edição do curso Candelabro, organizado pelo jornalista e palestrante, Carlos Alberto Ferreira. Voltado para comunicação digital, as aulas permitirão aos participantes criar e gerenciar conteúdo para redes sociais com técnicas e ferramentas profissionais. Membros da comunidade Firma Preta tem um desconto especial na inscrição do curso.
Luz. Memória da Eletricidade, iniciativa de preservação da história da indústria da eletricidade no país, está selecionando jornalista para compor sua equipe. Entre as atividades desempenhadas, planejamento estratégico, fortalecimento da marca, relacionamento com a imprensa, Media Training e conteúdo para redes sociais. A contratação é CLT, com salário de R$ 5.000, mais benefícios (Vale Transporte, Vale Alimentação e Plano de saúde). Currículos devem ser enviados para o e-mail: bianca@memoriadaeletricidade.com.br.
Até o chão. KondZilla procura um/a Editor/a Chefe para se juntar ao time. É preciso ser apaixonado por música, manjar de entretenimento e de comportamento jovem. Profissional deve ter experiência em solucionar problemas, capacidade analítica, ter um bom relacionamento interpessoal e domínio do pacote Office e Adobe. Ser formado/a em comunicação, com pós-graduação será um diferencial. É desejável idioma inglês.
Bolsas. A 3ª edição do Programa Prosseguir abriu seleção para 60 bolsas de R$ 600 mensais com enfoque em liderança, preparação para o trabalho, equidade racial e inglês. As vagas são exclusivas para negros matriculados em cursos de graduação (presencial) e residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. As inscrições podam ser feitas até 06/12.
2021. O mandato da vereadora Thais Ferreira (PSOL/RJ), eleita nas última eleições, está em busca de duas pessoas para sua a equipe a partir de janeiro. As vagas são para designer e assessoria de imprensa. Entre as atribuições estão: criação de identidade visual do mandato, peças para redes sociais e materiais gráficos impressos. Produção de releases, notas e pautas para a imprensa, elaboração e atualização de mailing, follow up com jornalistas, produção de estratégia de trabalho com a imprensa.
Direitos humanos. O Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP, entidade da sociedade civil, está com vagas abertas para psicólogo, assistente social, advogado, assistente administrativo e apoio técnico. As inscrições acontecem até 06/12 e os selecionados/as atuarão na equipe técnica no estado do Ceará. Veja os detalhes do processo no edital.
Temporário. O Fundo Indígena da Amazônia Brasileira – Fundo Podáali, em parceria com a COIAB e com o Fundo Casa Socioambiental, abre seleção um técnico/a administrativo financeiro. Os candidatos/as devem enviar currículo e carta de apresentação com pretensão salarial em formato PDF para o e-mail fundopodaali@coiab.org.br até 30/11. O contrato é temporário em regime de Pessoa Jurídica e presencial, em Manaus/AM, na sede da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.
Estágio. Alô, Recife! O Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife – IP.rec, abriu edital de seleção para estagiários/as. O valor da bolsa-estágio é de R$ 650,00 para carga horária de 20 horas semanais. Podem participar da chamada pública, estudantes matriculados do 5º ao 8º período, ou equivalente, nas seguintes áreas: direito, ciência da computação, engenharia da computação, sociologia, jornalismo e comunicação. As inscrições vão 11/12.
Direito. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) e o Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS) promovem o curso Direitos Humanos e Tecnologia: desafios e perspectivas para a cidadania. Totalmente on-line e gratuito, o curso terá mil vagas e abordará os usos da tecnologia na garantia de direitos e para promoção da cidadania. As aulas se iniciam hoje, 30/11 e tem vagas limitadas.
Pra pensar
Encerrado o segundo turno das eleições municipais de 2020 fica a sensação de que avançamos, mas o caminho a ser percorrido ainda é longo.
Comunidade Firma
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💻 Com curadoria, redação e edição de Emílio Moreno e Juliana Gonçalves. Direção de arte, Larissa Cargnin e colaboração de Louise Ferreira.
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